Brasil 247
Diferenças
entre resultados levam estrategistas da presidente Dilma Rousseff e do
presidenciável Aécio Neves a questionar métodos dos maiores institutos
do País; no PT, reclamação é contra pontuação considerada excessiva para
Eduardo Campos, do PSB; “Em relação ao Vox
Populi, Datafolha parece ter feito sua pesquisa em outro país”, diz um
dos conselheiros da presidente; “Há um visível conflito de interesse no
Ibope”, aponta senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB); “O instituto tem
contratos com o governo federal e, frente aos demais, é o que apresenta
as menores intenções para o nosso candidato Aécio. Por que será?”,
pergunta ele, com ironia; guerra no campo dos números tende a
recrudescer
Acabam de ser disparados os primeiros tiros na guerra de números em que as eleições brasileiras costumam
estar envolvidas. A cada pleito, em razão de um longo histórico de
diferenças entre o que os institutos apuram e o resultado efetivo
encontrado nas urnas eletrônicas, os métodos das maiores empresas de
pesquisas sempre despertam desconfianças em várias frentes.
Agora, as suspeitas de manipulação começaram quando ainda falta um ano para a eleição.
“O Ibope, que tem contratos com o
governo federal, apresenta os menores números para o nosso candidato
Aécio Neves na comparação com os outros institutos”, assinala o senador
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). “Por que será?”, pergunta ele, com ironia,
insinuando que pode existir interesse do instituto dirigido pelo conhecido
Carlos Augusto Montenegro em deprimir as intenções voto do
presidenciável tucano. “O que existe aí é um visível conflito de
interesses”, sublinha o senador.
O fato que apóia as suspeitas do senador
tucano é nítido a olho nu. Enquanto no Datafolha divulgado em 12 de
outubro Aécio apareceu com 21% de intenções e, no dia 15, o
pré-candidato tucano surgiu com 20% na pesquisa Vox Populi, seu índíce
caiu para 14% no levantamento do Ibope revelado em 24 de outubro.
Lembram os tucanos que não há justificativa política para a queda de
sete pontos percentuais de Aécio entre os 12 dias que separaram as pesquisas Datafolha e Ibope.
LIGAÇÕES PERIGOSAS – Em razão das
ligações do instituto presidido por Montenegro com o governo, o comando
do PSDB estava em estado de alerta frente ao levantamento do Ibope.
Temia-se que, na forma de pegadinha, questionamentos sobre os principais
apoiadores de cada um dos principais pré-candidatos fortalecesem a
presidente Dilma Rousseff, apoiada pelo ex-presidente Lula, e o
governador Eduard Campos, aliado da ex-ministra Marina Silva, e pesasse
contra o senador mineiro, aparado pelo ex-presidente Fernando Henrique
que, neste momento, está mais distante da cena política do dia a dia.
Os tucanos também coçam a cabeça pelo
fato de o instituto Datafolha ter ido a campo no dia 11 de outubro fazer
sua última pesquisa, um dia após o programa
político do PSB ir ao ar. Talvez pelo recall do que foi mostrado na TV,
o fato é que Campos apareceu no levantamento de dois dias depois com
seu melhor número até aqui: 15%.
Para o PT, o maior problema também
aparece no Datafolha. “Os números para Eduardo e Marina são tão
diferentes, para cima, dos encontrados pelos outros institutos que, ao
que parece, a pesquisa deles foi feita em outro país”, ironiza um dos
conselheiros mais próximos da presidente Dilma. A reclamação igualmente
tem amparo nos números díspares encontrados pelos institutos. Enquanto a
ex-senador Marina Silva gira entre 21% e 23% de intenções nas pequisas
Ibope e Vox Populi, respectivamente, no Datafolha suas preferências
disparam para 29%.
Até aqui, as reclamações são apenas
verbais. Mas já está claro, com elas, que os grandes institutos serão
marcados de perto pelos partidos políticos. Escaldados por erros
grosseiros desses mesmos institutos nas últimas eleições, ninguém que
participa da disputa da 2014 quer, mais uma vez, cair calado no conto do
‘já ganhou’ ou ‘já perdeu’ que os levantamentos prévios se acostumaram a
apresentar à sociedade. A tendência,por isso, é que a guerra de números
– e contra os números – só faça recrudescer a cada pesquisa divulgada.
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